Conheça o arquétipo 1

Representado pelas polaridades A “O Competidor” e B “O Cooperador”.

1A O Competidor

Entendendo:
O Competidor é a expressão de uma força psicológica que valoriza a conquista, o destaque e o reconhecimento. Para ele, o diálogo é um campo de batalha, onde prevalece quem tem os argumentos mais sólidos, a lógica mais impecável ou a postura mais imponente. Essa polaridade reflete uma busca por segurança interna, alicerçada na validação externa: ser visto como capaz, superior ou invencível é, para o Competidor, um alívio para possíveis inseguranças e uma demonstração de controle sobre o ambiente.

No entanto, essa necessidade de vencer frequentemente eclipsa outras dimensões fundamentais do diálogo, como a escuta, a empatia e a construção coletiva. Psicologicamente, o Competidor pode estar ligado a experiências de invalidação prévia, que o levam a transformar o conflito em um espaço de autoafirmação. Ele deseja provar seu valor e, para isso, precisa “sair por cima” — mesmo que isso signifique ignorar a colaboração ou invalidar as necessidades dos outros.

Sob a perspectiva da Comunicação Não Violenta (CNV), o Competidor nos convida a reconhecer o impacto que essa postura pode ter sobre as relações. Em sua forma desequilibrada, ele pode bloquear a conexão genuína ao criar um clima de rivalidade. Contudo, quando harmonizado, o Competidor é uma força de determinação e clareza, que pode inspirar confiança e mobilizar mudanças significativas. Ele nos ensina a valorizar a assertividade enquanto equilibramos nossa capacidade de ouvir e colaborar.

Aplicando:
Ao interpretar o Competidor no jogo, é essencial incorporar sua energia com naturalidade. Imagine-se em um debate onde cada palavra é uma ferramenta estratégica. O Competidor busca manter o controle do diálogo, demonstrando confiança e autoridade. Ele tende a falar com firmeza, evitar mostrar vulnerabilidade e desviar-se de tópicos que possam expor suas falhas. Sua habilidade está em reforçar seu ponto de vista como superior, sem dar espaço para que os outros possam dominá-lo.

Na prática, um jogador que representa o Competidor deve adotar uma postura que desafie os demais participantes, impondo seus argumentos de forma assertiva e criando argumentos se necessário. Por exemplo, ao lidar com um tema como “Justiça”, ele pode propor ideias sólidas e inquestionáveis, mas recusar-se a admitir qualquer fragilidade em seu raciocínio.

Exemplo de fala no diálogo:

"Se olharmos objetivamente, o que estou dizendo faz sentido porque já está comprovado: sistemas mais organizados geram mais 50% mais justiça social. Eu realmente não vejo como outro ponto de vista poderia ser mais eficaz do que isso."

Aqui, o Competidor reafirma seu ponto com lógica e números, desconsiderando explicitamente outras possibilidades, criando a impressão de que seu raciocínio é incontestável.

Refletindo:

Perguntas de auto-investigação:

  • Em quais momentos da minha vida sinto que preciso provar que estou certo?

  • Como me sinto quando outras pessoas não reconhecem meus esforços ou conquistas?

  • Existe algo que eu esteja buscando validar em mim ao tentar vencer em diálogos ou debates?

  • Quais impactos minha postura competitiva tem em minhas relações pessoais e profissionais?

  • Como seria um diálogo onde meu desejo de vencer se harmoniza com a vontade de colaborar?

Equilibrando:

  1. Análise de necessidades: Após uma conversa importante, reflita: o que eu estava tentando alcançar? Eu consegui ouvir as necessidades do outro?

  2. Simulação empática: Escolha uma discussão em que você foi muito competitivo e visualize como seria se tivesse priorizado a colaboração.

  3. Respiração antes do impulso: Pratique respirar profundamente antes de reagir em diálogos intensos, observando como isso afeta sua abordagem.

  4. Agradecendo o outro: Durante uma semana, em cada diálogo, reconheça ao menos um ponto forte da opinião do outro, mesmo que discorde.

  5. Jogo de papéis: Ensaie com um amigo ou colega uma situação onde você deve deliberadamente abrir mão de “vencer” e focar em facilitar um consenso.

1B O Cooperador

Entendendo:
O Cooperador é a expressão de uma força psicológica que valoriza a cooperação, a harmonia e a construção coletiva. Para ele, o diálogo é uma teia, onde cada fio representa uma conexão, e a força da estrutura está na soma das contribuições de todos. Essa polaridade reflete uma busca por pertencimento e unidade, abrindo mão da necessidade de conquistar ou destacar-se individualmente. Para o Cooperador, o sucesso não é medido pela vitória pessoal, mas pelo progresso mútuo e pela qualidade das interações.

Psicologicamente, o Cooperador pode estar associado a experiências de validação coletiva, onde o bem-estar do grupo foi valorizado acima do individualismo. Ele encontra segurança na troca equilibrada e na criação de espaços inclusivos. No entanto, essa abordagem pode levá-lo a negligenciar sua própria individualidade ou a evitar conflitos que poderiam fortalecer as relações.

Sob a perspectiva da Comunicação Não Violenta (CNV), o Cooperador nos ensina a importância da escuta ativa e da empatia. Em sua forma mais harmoniosa, ele é um catalisador para conexões genuínas, promovendo diálogos enriquecedores e colaborativos. Contudo, quando desequilibrado, pode se tornar excessivamente complacente, comprometendo sua autenticidade. Ele nos lembra de que o verdadeiro equilíbrio está em colaborar sem perder de vista nossas próprias necessidades.

Aplicando:
Ao interpretar O Cooperador no jogo, é essencial demonstrar uma postura colaborativa e encorajadora, focada em tecer comentários construtivos que valorizem as contribuições dos outros. Imagine-se como alguém que transforma o diálogo em uma oportunidade de fortalecer conexões e construir coletivamente. O Cooperador destaca os aspectos positivos das ideias apresentadas, buscando integrá-las e potencializá-las em benefício do grupo, mesmo quando existem divergências.

Na prática, um jogador que representa O Cooperador deve reforçar um ambiente de união, oferecendo feedback positivo e sugestões construtivas que ampliem o valor das partilhas alheias. Por exemplo, em um tema como “Justiça”, ele pode reconhecer a importância de uma ideia apresentada e, em seguida, propor formas de aprimorá-la para atender melhor às necessidades do grupo.

Exemplo de fala no diálogo:
“Eu acho muito importante o que você trouxe sobre a justiça restaurativa. Isso realmente promove reconciliação. Talvez possamos pensar em formas de aplicá-la mais amplamente, como em escolas ou comunidades, para alcançar um impacto maior.”

Aqui, O Cooperador valida a contribuição inicial, destaca seu potencial e propõe um caminho construtivo que une a ideia apresentada ao propósito do grupo, promovendo colaboração e conexão.

Refletindo:

Perguntas de auto-investigação:

  • Em quais momentos da minha vida me sinto mais conectado ao espírito de colaboração?

  • Como me sinto quando vejo que minhas contribuições ajudam a construir algo maior?

  • Existe algo que eu esteja sacrificando ao priorizar o coletivo?

  • Quais impactos minha postura colaborativa tem em minhas relações pessoais e profissionais?

  • Como seria um diálogo onde eu harmonizasse minha vontade de colaborar com a expressão das minhas próprias opiniões?

Equilibrando:

  1. Afirmação de Autenticidade: Durante uma semana, pratique expressar pelo menos uma opinião que seja exclusivamente sua, mesmo que vá contra o consenso do grupo.

  2. Reconhecimento Pessoal: Em um diálogo importante, reserve um momento para destacar sua própria contribuição e refletir como ela impactou o coletivo.

  3. Tolerância ao Conflito: Experimente aceitar pequenos desentendimentos como parte natural do processo de construção, sem tentar eliminá-los imediatamente.

  4. Estabelecendo Limites: Pratique identificar situações em que colaborar pode prejudicar suas próprias necessidades e, nesse caso, opte por dizer “não” com empatia.

  5. Foco em Resultados Individuais: Após cada interação, pergunte-se: “Minha perspectiva foi ouvida e respeitada, além de promover a colaboração?”. Se não, ajuste sua abordagem.